Os 3 níveis de engajamento existentes em toda comunidade

É imprescindível você entender este conceito o quanto antes, assim você se frustrará menos ao longo da sua jornada de liderança

· Grupo Realizador

Revitalizar um espaço público é mais do que uma simples iniciativa; é um projeto de engajamento comunitário que requer o apoio e a participação ativa de diversos membros da comunidade. Ao iniciar esse empreendimento, é crucial entender os diferentes níveis de engajamento que podem existir entre os envolvidos.

Nosso trabalho muitas vezes começa com a formação de grupos, compostos por pessoas que compartilham da mesma frustração com a degradação dos espaços públicos. Estes grupos geralmente começam em plataformas como grupos de WhatsApp, onde as pessoas ativas compartilham ideias e iniciativas.

Há três níveis de engajamento que identificamos ao longo de nossas jornadas comunitárias:

1. Engajamento Ativo, e seu poder na Transformação Comunitária

Essas pessoas são aquelas que realmente abraçam o projeto. Elas não apenas participam, mas se dedicam de verdade, investindo seu tempo e esforço para garantir o sucesso da iniciativa. Além de se envolverem ativamente nas atividades, elas são os principais impulsionadores por trás das ideias criativas que levam ao progresso. Esses indivíduos não têm receio de liderar, estabelecendo comunicação direta com autoridades locais, buscando parcerias estratégicas e promovendo colaborações que ampliam o alcance e a eficácia do projeto. Incentivam outros membros da comunidade a se unirem à causa e trabalharem juntos para alcançar objetivos compartilhados.

2. Engajamento Passivo e suas Formas de Contribuição

Essas pessoas têm interesse em contribuir, porém, seja por restrições de tempo ou pela falta de interesse em assumir responsabilidades de liderança, optam por uma forma de envolvimento mais passiva. Embora não se comprometam com atividades intensivas, elas buscam outras maneiras de apoiar o projeto, como realizando doações financeiras, fornecendo recursos materiais ou simplesmente comparecendo a eventos e manifestações de apoio. Sua participação, embora menos direta, ainda desempenha um papel muito importante no progresso e na sustentação da iniciativa, fornecendo suporte vital que complementa o esforço dos engajados ativamente.

3. Espectadores: Observadores do Progresso

Esses são os indivíduos que estão conscientes do projeto, porém, decidem não se engajar ativamente. Embora estejam cientes das mudanças propostas e possam se beneficiar delas, escolhem não participar ativamente do processo de implementação. Sua falta de envolvimento direto não os impede de reconhecer o potencial impacto positivo das transformações planejadas. No entanto, por uma variedade de razões, optam por permanecer como espectadores, observando de longe o progresso sem contribuir ativamente para sua realização.

Proporção 1-10-1000

A proporção 1-10-1000 é uma forma de ilustrar a dinâmica do envolvimento comunitário. Isso significa que para cada pessoa que está profundamente envolvida e engajada ativamente em um projeto, há cerca de 10 pessoas que oferecem apoio de forma mais passiva e aproximadamente 1000 que estão apenas observando.

Compreender essa proporção é fundamental, pois mostra que a maioria das pessoas na comunidade tende a ser espectadora, acompanhando os acontecimentos sem participar ativamente. No entanto, é importante valorizar e apoiar aqueles que estão engajados ativamente, pois são eles que desempenham um papel fundamental na condução do projeto e na superação dos desafios que surgem.

Portanto, ao liderar um projeto de transformação comunitária, é essencial entender e respeitar os diferentes níveis de envolvimento. Isso permite direcionar os esforços de maneira eficaz, aproveitando o apoio dos engajados ativos enquanto se busca maneiras de envolver e inspirar os engajados passivos e os espectadores a se tornarem participantes ativos da mudança.

O que fazer com cada tipo de engajamento

Para lidar com os diferentes tipos de engajamento e minimizar a frustração, é crucial adotar abordagens específicas para cada um:

Atraia os Ativos para seu Grupo Realizador

Ao formar um grupo para revitalizar um espaço público, é fundamental identificar e contar com aqueles que estão de fato engajados e ativos. Tentar forçar o envolvimento de pessoas com engajamento passivo como líderes só levará à frustração. Reconhecer e aceitar essa realidade pode tornar o caminho para o sucesso mais eficiente e menos desgastante.

Mas não basta só atraí-los para seu grupo de realizadores, é preciso saber como construir de forma efetiva esse grupo que estará à frente do seu projeto. Mas como formar um Grupo Realizador? Confira as 4 funções indispensáveis em um grupo de liderança!  

Extraia o máximo das brechas abertas pelos Passivos

É essencial não forçar as pessoas a assumirem responsabilidades que não desejam. Ao invés disso, é possível extrair o máximo das contribuições que estão dispostas a oferecer. Por exemplo, podem ajudar de outras formas, como doando, participando de mutirões, eventos, ou assumindo pequenas responsabilidades, como ajudar a organizar um evento menor para promover a campanha de financiamento coletivo. Para fazer esse tipo de ações é também importante saber a respeito sobre financiamento coletivo e como essa modalidade de captação funciona. Saiba mais em nosso artigo "Tudo sobre financiamento coletivo!

Comunique melhor para que espectadores virem no mínimo Passivos

Os espectadores podem estar nessa posição por duas razões: ou por opção própria, ou por falta de conhecimento sobre o projeto. Para lidar com isso, é crucial melhorar a comunicação do projeto, garantindo que as informações cheguem a todos na comunidade. Isso pode incluir o uso de diferentes canais de comunicação, como mídias sociais, boletins informativos, reuniões comunitárias, entre outros. Saiba sobre outras opções de canais de comunicação em nosso blog “9 canais de comunicação do projeto.  

Essas abordagens podem ajudar a direcionar cada tipo de engajamento de forma eficaz, minimizando a frustração e maximizando o potencial de contribuição de cada indivíduo para o sucesso do projeto comunitário.

 

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Marcelo Rebelo

Urbanista, especialista em revitalização de espaços públicos, com mais de 10 anos de experiência em projetos urbanos e políticas públicas. Criador da Metodologia Cubo Mágico Urbano, que ensina a criar um movimento de vizinhança em prol do seu bairro.