A história da Banca Villaboim

Alexandre Galeano, proprietário da banca, conta sobre como vem tentando ajudar a Praça Villaboim e outras curiosidades.

· Atividades culturais,Maturidade,História

O relato de hoje é do Alexandre, cidadão ativo de Higienópolis e dono da Banca Villaboim.

O Alexandre Galeano, dono da Banca Villaboim conversou com o Cidades.co pra falar dessa relação da Banca com o bairro. Ele contou um pouco da história da Banca na Praça, como aconteceram as primeiras mobilizações em prol de melhorias e sua relação com esse espaço no coração de Higienópolis. Leia abaixo.

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Desde os primórdios

Conta um pouco da sua história, da história da Banca Villaboim, desde quando ela está alocada aqui?

Eu gerencio e toco a Banca que é um negócio da família. Minha mãe é dona de casa e meu pai antes tinha uma banca no centro, na frente do Edifício Itália. Por volta da década de 80 ele veio pra cá. O centro tinha deixado de ser um ponto bom pra vendas e ele comprou a Banca Villaboim de um português. Que eu saiba a banca existe desde a década de 50 e no começo ela não estava localizada nesse ponto específico. Ela era bem pequena e ficava ali onde tem um orelhão descendo a rua. Depois de um tempo migrou para onde hoje é o bicicletário e, mais tarde, na época do Jânio Quadros teve uma reforma que alocou ela onde está hoje. Meu pai pegou a banca quando ela ainda era onde está o bicicletário. Quando virou um negócio de família, a banca era 24h. Meus irmãos já ajudaram por aqui também, houve uma época que tivemos 12 funcionários. A gente vê pelas fotos que a praça e a localidade eram muito diferentes naquela época.

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A Banca na década de 80 (foto da esquerda) e atualmente (foto da direita).

Tem alguma curiosidade legal sobre a Banca?
As pessoas vem de outros bairros da cidade procurando livros e revistas importadas que só tem aqui. É muito legal essa interação. O que a gente mais vende é revista e livro de decoração. Tem muita coisa na banca, um pouco de tudo na verdade. Desde a época do meu pai é assim, lembro de quando era pirralho eu vinha e queria pegar todos os brinquedos que vendiam, mas meu pai só deixava eu escolher um. Aí quando cansava de brincar com ele ia pro parquinho, que na época era a Disneylândia pra mim. Eu e minha mãe ficávamos por aqui esperando meu pai. Então a gente tem clientes de longa data separamos as revistas que eles lêem assim que elas chegam, temos essa relação com o bairro. Ah! E vários artistas e famosos que frequentam ou já frequentaram a Villaboim. Entre os grandes nomes estão Rita Lee, Ana Paula Arósio, Rubens Ewald Filho que, por sinal, leva muita revista diferente sobre cinema, o ex presidente Fernando Henrique, Adriane Galisteu, o Jô Soares. o cara do Titãs que esqueci o nome agora... risos. É muito bacana.

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A relação Banca x Praça

Qual a relação da Banca com a Praça (e vice versa)?
A Banca sempre quis participar e ajudar a Praça. Meu pai e eu, depois que assumi o negócio, sempre tentamos manter a praça arrumada, limpando os canteiros, pintando os móveis. No passado tinha uma associação de comerciantes que doava dinheiro para a praça, foram eles que colocaram o parquinho atual, os postes de iluminação estilo colonial e outras intervenções. Tudo acontecia de uma forma bem simples, "de casa" com os dados na prancheta, nada burocrático. Até uma época que decidiram criar uma associação de lojistas. A associação cuidou da praça por um tempo, mas por dificuldades de gestão e administração parou de funcionar bem. Um grupo de comerciantes preferiu continuar contribuindo informalmente, para garantir que os serviços de limpeza continuasse sendo feito. Por volta de 2008, entraram mais lojistas totalizando 12 contribuintes que ajudavam a manter a limpeza da praça, a troca de lampadas queimadas, a reposição dos sacos de lixo, etc. Até a gente decidir adotar colaborativamente a Praça a partir da ferramenta do Praças. Para todo mundo aqui é importante esse serviço. A Villaboim é o quintal dos prédios aqui do entorno, dos comércios do outro lado da rua, da banca.

Sou da Pompéia, mas cresci aqui na Villaboim. Acredito que se todo mundo ajudar um pouco dá pra transformar todo esse potencial que a Praça tem num serviço bacana.

O que você acha da praça atualmente?
A praça é pública, é um ambiente que todo mundo tem que poder usar. A gente quer que as coisas se organizem para não intimidar quem deseja vir aqui para ler, relaxar, e aproveitar. Se a praça fica sem manutenção vemos lixo por todo lado, o paisagismo que já fugiu de controle vira matagal, a qualidade desaparece. Não da pra conviver assim. Esse processo de adoção colaborativa não traz dor de cabeça pra gente. Contribuímos mensalmente pela plataforma e a gente vê que o Marcos (responsável pela varrição) tá aqui varrendo a praça semanalmente, agora que atingimos a primeira meta vai viabilizar o jardineiro, e assim as coisas vão crescendo.

Então você acha que o espaço já foi melhor? O que poderia ser feito pra melhorar?
O bairro era diferente antes, atualmente tem uma onda de violência muito forte, nenhum comércio fica até mais tarde. Por isso deixamos de ser 24h. Não compensa mais arriscar a segurança dos funcionários e do negócio. A Banca já adquiriu essa postura de parceira da Praça. Um tempo atrás, quando ainda era 24h, vinham filhos de moradores que faziam um "luauzinho" aqui na praça, se reuniam para beber junto, quando o barulho ia até mais tarde, ao invés de se mobilizarem por si, os moradores ligavam na banca pedindo ajuda. Somos quase um anexo, um membro a mais do lugar. Por isso queremos ajudar a melhorar.

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A inserção da Banca na Praça Villaboim antigamente.

Amigo da Praça

Qual a sua relação com os espaços públicos?
Olha, vou te falar que não é tudo isso não, risos. Eu tenho uma relação forte com a Villaboim, por todo o trabalho que já ocorreu junto com a banca. Frequentemente eu pedalo por alguns parques e pela cidade e vejo a transformação em alguns espaços. Vejo o potencial que as pequenas mudanças podem fazer nesses lugares. Uma pintura, uma muda nova, pequenas coisas que já dão um novo ar, uma nova cara para um lugar que esteve mal cuidado.Se você vai pra Buenos Aires por exemplo, as praças lá tem lugar para as pessoas aproveitarem, tem gramado pra piquenique, gente tocando violao, não tem grade, não tem esse fechamento visual que a Villaboim adquiriu. A praça atualmente prejudica aqui o bairro, a noite ela é escura, a visibilidade é baixa, você não se sente acolhido. A gente pode mudar aqui o espaço com pouco, se futuramente houver planos maiores a gente deseja que ocorra da melhor forma possível, pra trazer cada vez mais as pessoas. Vou te falar, a banca se beneficia se a praça melhorar? Claro que sim. Mas não é só a banca, é toda a rua, todo o bairro, todo mundo.

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Alexandre ao lado do seu negócio.

O que você acha da adoção colaborativa em parceria com o Praças?
Quando o Cidades.co surgiu e chamou o pessoal do bairro para participar deu pra perceber que era a melhor forma de continuar contribuindo sem ter que enfrentar as burocracias. As pessoas estão começando a entender a importância disso. O fato da gente ter atingido a primeira meta garante que esses serviços básicos comecem a funcionar, mas só com uma mobilização de todos a gente consegue gerar melhores resultados. Se cada um der um pouquinho.. Quantos moradores não tem aqui ao redor? Quanto não beneficia os lojistas que estão no bairro? Eu não sou especialista, mas do jeito que tá a gente vê que intimida. O paisagismo gera uma sensação de insegurança, o parquinho aguentou esses 30 anos, as coisas agora precisam mudar para melhor. Por isso a gente contribui. Acho que as mudanças que forem ocorrer na Praça Villaboim e na cidade como um todo devem acontecer com base na participação das pessoas. Não dá pra chegar e tirar daqui e por ali e pronto. Tem que ter uma conversa, saber o que vai mudar. Outra coisa a Praça é tombada, tem que ter uma preocupação em preservar tudo aqui em volta. O Praças oferece as ferramentas pra analisar e cuidar de tudo isso.

Como você pode participar

O Cidades.co é uma plataforma de Adoções Colaborativas. Realizamos um financiamento coletivo com a comunidade para viabilizar processos de melhorias em praças públicas. A Praça Villaboim está atualmente adotada e sendo mantida pelos Amigos da Villaboim, grupo de colaboradores do entorno que financia os serviços de manutenção prestados na praça. A sua participação e colaboração pode ajudar a fazer ainda mais por esse espaço tão movimentado de Higienópolis. Venha fazer parte, seja um Amigo da Villaboim.