Tudo que você precisa saber sobre espaços públicos

Você sabe o que caracteriza um espaço público? E quem é responsável pela manutenção deles? Leia tudo que você precisa saber aqui.

· Urbanismo,Mobilidade ativa,Acessibilidade

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O espaço público é o primeiro tema quando se discute planejamento urbano das cidades contemporâneas. Diversos países desenvolvidos são admirados pela qualidade que apresentam na concepção desses espaços. Mas o que é efetivamente espaço público?

O que vem antes

Sabemos que os espaços públicos desde a sua concepção estão intimamente conectados à expressividade social e política. Eles nem sempre eram concebidos como um projeto urbano, mas surgiam à medida que surgia também, a necessidade social de diálogo. Sendo assim, esses espaços tomam forma a partir da atribuição social que é dada ao lugar, aos encontros e ao ato de se manifestar.

“Os espaços públicos se tornaram a manifestação física que a sociedade atribui ao longo dos anos ao encontro e ao ato de se manifestar” - Mauro Calliari.

Entendendo essa concepção pode-se criar um sentido que vai além de simples espaços “vazios” na cidade. O espaço público se faz um local de liberdade, de trocas, de diversidade.

Por muitos anos essa concepção de um lugar vazio da cidade foi a que permaneceu quando discutia-se espaços públicos. Isso os caracterizava como algo estático, imutável na paisagem urbana. Atualmente há uma tentativa de requalificar esses locais, com a intenção de trazer uma dinâmica e movimento que sua concepção tanto preza.

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Os lugares

Mas afinal, dentro da cidade, o que é espaço público? São os lugares de uso comum, tidos como pertencentes à todos. São ruas, praças, parques, jardins, bulevares. Estes se caracterizam como locais onde o ir e vir é totalmente livre.

São também as bibliotecas, centros culturais, hospitais e escolas que se mantém a partir do poder público e, que se caracterizam como locais de uso comum, mas com certo grau de restrição ao acesso e circulação. A funcionalidade desses locais só existe dada à esse controle da presença do privado.

Segundo o Guia de boas práticas para espaços públicos de São Paulo, em qualquer uma dessas opções são espaços imóveis pertencentes a diferentes esferas de governo, como federal estadual ou municipal. Sendo assim, a gestão e manutenção desses espaços fica a cargo de diversos componentes tais como secretarias, repartições e autarquias, cada uma com determinada responsabilidade.

Espaços livres

Quando discute-se o futuro das cidades os espaços públicos "livres" se fazem mais importantes. O espaço viário, tais como ruas, alamedas, avenidas, e os espaços verdes como parques e praças são fundamentais na concepção do que entendemos como cidades.

A professora Saskia Sassen discute isso em uma entrevista para a revista AU ao dizer que sem esses espaços públicos o terreno urbano ocupado e altamente construído não se constitui como cidade. É o que acontece quando vemos uma longa faixa de prédios altos e arranha céus, eles não constroem a cidade, só a tornam densa. A cidade só passa a existir quando as atividades acontecem entre esses dois cenários.

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As cidades consideradas "modelo" nesse quesito presam por características fundamentais ligadas ao espaço público. Já pensou nisso? Cidades como São Francisco, Paris, Amsterdam, Nova Iorque e outras possuem diversos locais públicos agradáveis. Quantos parques e praças não vemos em filmes que se passam por lá e que gostaríamos de estar? Quantas caminhadas em suas ruas pensamos em fazer?

Essa experiência de viver as cidades é muito estudada atualmente por diversos urbanistas e planejadores urbanos. Um conceito importante é de que quando as cidades oferecem uma melhor qualidade em sua concepção, as pessoas passam a vive-la com mais despojamento.

Cidades para as pessoas

O icônico arquiteto Jan Gehl, cita em quase todas as suas publicações e estudos sobre as cidades o quanto é imprescindível se construir cidades mais voltadas para as pessoas. Quando um ambiente é pouco propício e possui baixa qualidade a tendência é de que as pessoas façam somente as atividades necessárias, ou mais básicas enquanto o ocupam.

Em contrapartida, quando cria-se espaços com qualidade e funcionalidade, a tendência é de que as pessoas queiram passar mais tempo nesses lugares, resultando em atividades sociais e de descontração.

Que cidade queremos?

Por exemplo, se caminhamos por uma rua em que a iluminação é precária, as construções ao lado são estabelecimentos fechados por portões, as cores são homogêneas, e há pouca atividade nos cercando, nos sentimos amedrontados, realizamos a atividade com pressa e sem interagir com o entorno.

Mas se a rua em que caminhamos é bem iluminada, com vitrines vibrantes, com pessoas interagindo e conversando ao lado de um food truck, com locais para sentar e repousar, é muito mais provável nos sentirmos acolhidos, querendo permanecer um pouco mais no local.

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Por isso, Hoje ha uma tentativa de reativação, incentivados por novas vontades de lazer ou por outros processos de ocupação voltados à democratização de espaços. Cada vez mais buscamos, como sociedade, os benefícios que os espaços públicos podem nos oferecer.

 

É no espaço publico que encontramos pessoas diferentes de nós. Essa experiencia de encontro com o estranho normatiza a convivência entre pessoas que não tem intimidade entre si e cria conexões sociais e urbanas talvez inimagináveis.

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