As maneiras mais eficientes para criar cidades inclusivas

Saiba como o planejamento urbano e ambiental pode auxiliar na criação de espaços mais democráticos e com maior usabilidade

· Acessibilidade,Urbanismo,Maturidade,Família e infância

O planejamento das cidades costuma ser um fator muito complexo. São diversos atores que determinam a dinâmica urbana e moldam as relações que se formam dentro das centralidades e periferias.

Novos desafios surgem todos os dias para os urbanistas: moradia, reurbanização, revitalização, infraestrutura, manutenção dos espaços e assim vai. Elencar os fatores que mais podem influenciar esse planejamento é um processo trabalhoso.

Elencar táticas para priorizar diferentes grupos sociais pode ser uma alternativa que ajude os planejadores a pensar soluções de projeto e de infraestrutura para compor espaços públicos mais inclusivos.

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Cidades para crianças

As crianças são uma fonte inesgotável de criatividade e atitudes. Elas podem ser também uma boa fonte de inspiração para se criar espaços mais convidativos e tornar a cidade um espaço de brincar. Uma boa tática para criar cidades para as crianças é pensar nas áreas de convívio dentro do espaço público.

O brincar pode e deveria se estender à áreas adjacentes ao playground típico. As ruas podem ser mais seguras para as brincadeiras infantis irem para fora dos muros dos prédios, elas podem ser cicláveis para abrigar bicicletas, skates e patins, quadras esportivas podem ser pensadas para abrigar meninos e meninas brincando de jogar, os largos e áreas abertas podem ser um palco para movimentos artísticos e brincadeiras lúdicas.

Há diversos mecanismos de projeto pensados para a acessibilidade infantil, desde o mobiliário urbano até a escolha de cores de um espaço. Mas há mais um fator que pode contribuir para que isso comece a fazer parte das cidades: a sensação de pertencimento.

É importante que os responsáveis levem as crianças às ruas. Que mostrem o potencial que a cidade pode oferecer além das opções encontradas em casa. Além de ser uma prática saudável, é uma forma de educar os pequenos sobre as responsabilidades cidadãs.

Cidades para os idosos

Outro grupo que auxilia muito o planejamento de cidades é o de idosos. Há uma conexão entre o design da cidade e de seus espaços com a idade e suas limitações físicas. O design pode oferecer barreiras ou soluções para as mudanças físicas em decorrência da idade.

Normalmente o cansaço, fadiga, dificuldades para enxergar e para se levantar são questões recorrentes a quem já está com a idade avançada. Pensar em estratégias que auxiliem à transpassar essas dificuldades pode ser um bom indicador de um planejamento focado em qualidade de vida.

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Ruas arborizadas que evitem à exposição intensa ao sol, calçadas bem pavimentadas, opções de mobiliários acessíveis e com um bom desenho podem gerar mais segurança aos idosos que frequentam o espaço público. Essas alternativas podem ser primordiais para quem tem a idade mais avançada e ainda assim são muito benéficas a toda sociedade.

Cidades para mulheres

Esse tópico pode parecer exagerado. Mas já te explico porque não é: historicamente o planejamento urbano foi feito por homens, para homens. Isso por que a classe social dominante dos séculos passados era predominantemente masculina. Havia muito controle sobre a exposição da mulher e poucos espaços pensados no lazer feminino. A questão da mulher no espaço público é fundamental para auxiliar os planejadores a pensarem soluções de projetos urbanísticos.

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É recorrente a propagação da cultura do medo ao se pensar no uso e ocupação feminino das cidades. O Brasil lidera no ranking de desproteção e assédio à mulheres e esse fator é um dos principais empecilhos quando se discute planejamento urbano.

Incluir as inseguranças e necessidades femininas no planejamento pode beneficiar não só esse grupo de pessoas, mas muitos outros. Quando se pensa em alternativas de projeto para todos os gêneros os resultados são muito mais qualitativos para a sociedade de forma geral.

Criar espaços com boa visibilidade, iluminação adequada, acessos e saídas sem bloqueios, instalar fraldários e trocadores infantis também em banheiros masculinos e outras alternativas podem fazer parte de projetos que melhoram a qualidade de vida das mulheres no espaço público.

Cidades para pessoas

Essas alternativas apresentadas tem como intenção auxiliar a pensar soluções urbanas para diferentes grupos. Isolar cada alternativa não é uma boa opção, elas devem ser consideradas dentro de um contexto levando em consideração a memória e identidade de cada localidade.

Há muito tempo vem sido defendida a construção das cidades para as pessoas. Cabe aos principais agentes atuantes a fazer o seu melhor, projetando espaços e construções inclusivas que não segreguem ainda mais o espaço que abriga nossas atividades.

Em resumo, priorizar essa escala humana e a diversidade dos grupos sociais é fundamental quando se discute as cidades para o futuro. O desafio é grande, mas pode ser ultrapassado quando arquitetos e urbanistas projetam e planejam levando em consideração as necessidades sociais.